CULINÁRIA EGÍPCIA
Contexto Histórico
Os antigos egípcios foram o resultado de uma mistura das várias populações que se fixaram no Egipto ao longo dos tempos, oriundas do nordeste africano, da África Negra e da área semítica. Até meados do século 20, por influência de uma visão eurocêntrica, considerava-se os antigos egípcios praticamente como brancos; a partir dos anos 50 do século 20 as teorias do "afro-centrismo", passaram a ver os Egípcios como negros. A língua dos egípcios (hoje uma língua morta) é um ramo da família das línguas afro-asiáticas (hamito-semíticas). Hoje a língua oficial é o árabe. Quando o Egipto se tornou uma província romana (30 a.C.) a população deveria ser cerca de sete milhões. Esta população habitava nas terras agrícolas situadas nas margens do Nilo, sendo escassas as populações que viviam no deserto, assim como hoje. A população do Egipto atual ronda os 79 milhões de habitantes, o segundo país mais populoso da África. A civilização egípcia destacou-se muito nas áreas de ciências como na matemática, usada na construção de pirâmides e templos. Na medicina, os procedimentos de mumificação proporcionaram importantes conhecimentos sobre o funcionamento do corpo humano. Destacaram-se ainda na astronomia e na engenharia. Atualmente o Egipto é uma república – República Arábica do Egito - governada pela constituição de 1971. Esta constituição estabelece no Egipto um estado socialista cuja religião oficial é o islão. O chefe de Estado é o presidente da república, e o chefe de governo, o primeiro ministro.Economia e Agricultura
A base econômica do Egito faraônico era a agricultura, principalmente o cultivo de cereais, como trigo e cevada. O trabalho nos campos era facilitado pelas cheias anuais do rio Nilo, que fertilizavam as margens de terra, tornando-as bastante produtivas. Os camponeses constituíam a maioria absoluta da população. O trabalho no campo era regulado em função das três estações do ano, típicas do país, relacionadas o ciclo do Nilo: Akhit – a inundação, de julho a novembro; Peret – a chamada "saída" ou reaparecimento da terra cultivável do seio das águas – época de semeadura – que acontecia de novembro a março; Shemu – a colheita, que acontecia de março a junho. Analisada a paralisação das atividades durante a inundação, e considerando-se que a colheita, realizada entre fins de março e início de junho, terminava bem antes de ocorrer à nova cheia do rio Nilo, constata-se que o ciclo da agricultura básica durava pouco mais de meio ano.Camponeses semeando a terra no "Peret"
Os camponeses de trigo e de cevada – cultivos básicos – sucediam-se desde os pântanos do Delta, ao norte, até a região de Núbia, no extremo sul. Uma vez o rio Nilo voltando ao leito normal após a cheia, iniciava-se o trabalho de cultivo da terra. A primeira tarefa dos camponeses era a aragem e semeadura da terra antes mesmo das águas da inundação se retirarem totalmente. Esses dois afazeres ocorriam no mesmo momento. Camponeses que revolviam a terra com arados e enxadas eram seguidos de imediato por outros camponeses que lançavam as sementes dos cereais, pisoteadas por animais (ovelhas, abras, etc.) de modo a penetrarem no solo. À época da colheita, os talos de trigo e de cevada eram cortados pelo meio utilizando-se uma pequena foice de madeira com dentes de sílex. Os talos eram depositados no chão. Feito isso, recolhiam-se às espigas em cestos, sendo transportadas à extremidade do campo. O cereal era então pisoteado por bois de modo a separar o grão da casca, em seguida peneirado. Os grãos eram acondicionados em sacas denominadas de khar, com 73 l.
Culinária
Os egípcios gostavam de comer bem, mas não nos deixaram nenhum manual de culinária entre seus papiros. Através das representações das pinturas e relevos, algumas informações puderam ser obtidas pelos egiptólogos, não apenas quanto aos alimentos consumidos, mas também quanto a sua preparação. Carne de gado ou de galináceos, peixes, legumes e frutas faziam parte das refeições daquele tempo. Os pães tinham presença marcante na mesa e entre as bebidas a cerveja era a preferida. Usando facas, colheres e garfos, ou simplesmente comendo com as mãos, os egípcios tinham uma alimentação rica e saudável.Os antigos egípcios já temperavam seus alimentos com cebola e salsa e, para eles, a cebola era usada em rituais religiosos. Um sacerdote, à frente de seus devotos comia cebolas devagar, como se rezasse, enquanto lágrimas lhe corriam lentamente dos olhos. Achavam que a maioria das doenças provinha da má alimentação. O cardápio deles era variadíssimo para a época: três mil anos antes de Cristo, os egípcios já plantavam cevada, cultivavam fermento e vinhas e faziam pão, vinho, hidromel e cerveja. Mil anos depois, eles comiam carne de caça, aves, peixes, ostras e ovos. Em suas mesas havia também legumes como ervilhas, favas e lentilhas, e frutas como azeitonas, figos, tâmaras maçãs, romãs, abricós e amêndoas. Os banquetes dos faraós eram reuniões animadas, com jogos, música e danças. Na mesa deles, entre outros pratos deliciosos, costumava haver trufas. No Egito, eram as mulheres que organizavam os banquetes, dirigiam o serviço e presidiam a mesa.Receita – Kebabs
Em sua origem, o Kebab foi a comida dos reis persas, mas já estava presente na culinária egipcia desde o Império Antigo. Por muito tempo este prato era especial e só era consumido uma vez por ano, por ocasito do ano novo. Hoje, o Kebab é um prato muito popular, que se espalhou por todos os continentes, feito de carne de carneiro ou frango, cortada em pedaços, marinada e grelhada, servida em um “espetinho”. Uma variação do kebab é o kofta, que é o mesmo prato feito com a carne moída e preparada do mesmo modo. Pratos com carne normalmente são servidos acompanhados de arroz e uma guarnição de salada verde. Também é servido em um prato acompanhado de pão e batatas fritas. No espeto podem ser misturados vários outros tipos de carne, peixe e vegetais.Gastronomia e Poder
A agricultura e a gastronomia eram artifícios de status para os egípcios. Os nobres e as elites sacerdotais tinham prazer em se fazer representar a si próprios nas tumbas e nos templos, envolvidos na vida do campo, vinhas, cuidar das terras ou na avaliação dos produtos, junto de inúmeros funcionários. Durante a colheita chegavam aos campos os proprietários ou seus representantes, acompanhados de contingente de escribas, agrimensores, empregados e soldados, os quais iriam, antes de tudo, medir os campos de modo a determinar a percentagem do cereal que o camponês deveria entregar. As terras pertenciam ao Estado, às altas camadas sociais e aos templos, entregando a seus proprietários excedentes de produção – em geral menos da metade – como imposto. Um camponês nos tempos do Novo Império cultivava uma área cerca de 5 "aruras" (1,25 hectares), suficiente para uma família com cerca de 5 ou 6 indivíduos.Certas tumbas do Antigo Império mostram relevos onde se aplicam punições aos camponeses que tentavam ludibriar as autoridades no pagamento dos excedentes agrícolas como imposto. Situação curiosa é a que informam alguns registros: muitas vezes camponeses compactuavam com funcionários das propriedades esquemas de corrupção – mais precisamente o desvio dos grãos. A construção de celeiros para o armazenamento dos cereais colhidos pelos camponeses constituía uma grande preocupação dos proprietários das terras no Antigo Egito. No tempo do faraó Ramsés III em Mediet-habu, na margem oeste do Nilo em frente à moderna cidade de Luxor, e também a antiga cidade de Akhenaton – hoje Tell-el-Amarna – no Médio Egito, foram encontrados celeiros de 8 a 9 metros de diâmetro e de 7 a 8 metros de altura. Celeiros poderiam ser construídos em série, bem como foram encontrados pequenos celeiros no interior de jardins e casas.
Fonte: gastronomiaenegocios.uol.com.br
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